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| Em coletiva de imprensa, Provedoria da Santa Casa expôs situação financeira, rebateu críticas e pede apoio da comunidade (foto Junior Jobim/assessoria Santa Casa) |
A Irmandade da Santa Casa de Caridade de São Gabriel realizou na manhã desta terça-feira (6), no Salão de Atos da instituição, uma coletiva de imprensa para apresentar a atual situação financeira e estrutural do hospital, que atende São Gabriel e outros dez municípios da região. O encontro foi conduzido pelo provedor Cilon Lopes de Siqueira, que prestou esclarecimentos sobre as dificuldades enfrentadas pela instituição, respondeu a críticas e detalhou os custos e a estrutura operacional do hospital.
Atualmente, a Santa Casa conta com 635 funcionários contratados sob regime CLT, distribuídos entre 391 profissionais da assistência direta à saúde, 175 colaboradores em áreas de apoio e 69 no setor istrativo, além de mais de 70 médicos prestadores de serviço. Mesmo com essa estrutura considerada robusta, a instituição opera com déficit mensal médio de R$ 1,5 milhão. Somente no primeiro trimestre de 2025, o déficit acumulado chega a R$ 2,6 milhões, valor que ainda não contempla os custos com o bloco cirúrgico.
Segundo o provedor, mais de 90% dos atendimentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), cujo ree cobre, em média, apenas 50% do custo real de cada procedimento. O subfinanciamento crônico da saúde pública tem imposto forte pressão sobre as finanças da Santa Casa, agravada ainda pela alta demanda no Pronto Atendimento (PA), onde são realizados, em alguns dias, mais de 240 atendimentos — a maioria fora da classificação de urgência ou emergência.
Cilon também criticou o contrato vigente com a Prefeitura de São Gabriel referente ao PA, alegando que o número de exames contratualizado é inferior à demanda real. Em casos como o das tomografias, a Santa Casa tem executado o dobro do previsto, arcando com os custos excedentes para não deixar a população desassistida. O contrato será renovado em outubro, ocasião em que a direção pedirá um reajuste no valor dos rees municipais.
Durante a coletiva, o provedor afirmou que a instituição tem priorizado a compra de medicamentos, o pagamento dos salários dos funcionários e, por último, a remuneração dos médicos. Ele itiu atrasos nos pagamentos da classe médica, mas justificou com a escassez de recursos: "Quem não tem bombeiro para apagar incêndio, vai com copinho de água. Essa é a nossa realidade", declarou.
Outro tema abordado foram as críticas à gestão e a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (I) na Câmara de Vereadores. Cilon rechaçou acusações de má gestão, desvios ou corrupção e afirmou que a instituição está aberta à fiscalização. “Não existe I de hospital. O vereador fiscaliza o município. Se quiserem investigar, que façam. Não há o que esconder”, afirmou. Ele também rechaçou o que classificou como tentativas de desestabilização política: “Tem gente fazendo politicagem e tentando influenciar nossos trabalhadores. Não aceito ataques à minha honra ou à equipe que está tentando salvar vidas todos os dias.”
O provedor destacou ainda que a manutenção da instituição só foi possível graças à venda de um imóvel doado pela senhora Marina da Silva Ramos. “Se não tivéssemos vendido esse imóvel, a Santa Casa teria fechado”, pontuou.
A coletiva foi encerrada com um apelo por compreensão e união da comunidade. Cilon ressaltou que os problemas enfrentados não são isolados e refletem a realidade de muitos hospitais filantrópicos do país. “Seguimos fazendo o máximo com o que temos. Cada profissional aqui dentro carrega uma missão — e é isso que nos mantém de portas abertas para cuidar da nossa gente”, finalizou.
Reportagem: Marcelo Ribeiro, com informações da assessoria de imprensa
Data: 06/05/2025 21h57
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